domingo, 21 de novembro de 2010

EU CHOREI POR KARENIN


A dificuldade das palavras.
A pronúncia das palavras vai além de cada fonema. É como se o som requisitasse mais do que apenas cordas vocais aptas. É mecânico falar das banalidades, ditar as sentenças, recitar os poemas alheios. Já as frases concatenadas nas profundezas dos abismos do ser e do dever ser travam nas gargantas desconhecidas, nos soluços que vêm da alma.
Quero dizer e não consigo, como se o vocabulário não me bastasse e nenhuma sintaxe fosse suficiente. Vivo do silêncio e do retweet, furtando os textos alheios, chorando minhas lágrimas por Karenin - que era só um cachorro. Não há como chorar por Tereza, Tomas, Franz ou Sabina; resta-nos as lágrimas pelo cão. Eu que lhe havia dado Stendhal sem mesmo saber que já o conhecia como um autor noturno.