quinta-feira, 16 de setembro de 2010

RÉUS E LÁGRIMAS


Aimoré morreu.
Tuberculose, aos 30 anos. O que era antes doença mal-de-século, hoje ataca aqueles trancados nas celas lotadas e insalubres. Não o conheci. Conheço apenas o que os papéis falavam sobre ele. É muito contraditório ficar triste por alguém cuja condenação se pediu? Meu réu, por três vezes. Eu preferia mais uma denúncia ao invés dessa certidão de óbito que me obrigo a ler. Achei que sempre voltaria, sempre com um novo furto, por mais que tivesse esperança de que não fosse preciso mais furtar.

Derramei uma lágrima por ti, Aimoré. No banheiro, para ninguém aqui no Ministério Público ver que eu choro por um condenado.

Um comentário:

Fique à vontade para mentir...