segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DOS POODLES (OU DA AUTO-SABOTAGEM)


Eu me lembro do dia em que o conheci. Um filhote fofo e peludo, levado no colo pra lá e pra cá por G. Nunca simpatizei muito com poodles, como se a mistura entre pêlo de ovelha e ganidos não me agradasse muito e eles sempre me pareceram muito chutáveis.

O mundo que, por acaso, separa, por destino, une. G. foi o meu primeiro amor primaveril, de quando, para mim, ser adolescente ainda era status defensável. O reencontro me devolveu um grande amigo: companheiro de estudos, tragos e teorias. E o Toby continua um poodle branco e inquieto. Todavia, nos últimos anos, estressado com as vicissitudes da vida de cachorro doméstico, ele deu de se auto-ferir. Morde-se até sangrar; carrasco de seu próprio sofrimento.

Se dei toda essa volta e tanto me expliquei (pois - por mais que pareça - essa postagem não tem uma finalidade canina), é por que me peguei pensando o quanto seres humanos frequentemente se aproximam desses instintos. A diferença é que as mordidas não ficam tão visíveis em nossa carne. E ainda podemos transformá-las em literatura. 

Um comentário:

  1. Concordo com o que escreveste. Gostaria de comentar mais, mas considero desnecessário. Porém não eu não quis deixar de "comentar".

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