Aqui, neste quarto, está guardado tudo que é meu.
Aqui estão minhas altas montanhas, pináculos de rocha e gelo, buscando alcançar o céu. Também há meus mares revoltos e minhas praias banhadas de luar. Ora está a exuberância da fauna e flora das florestas, ora a aridez de meus desertos, dos meus cactos, de minha escassez. Sob as águas calmas, escondem-se fossas abissais, como aquela bagunça que se põem longe da vista e da repreensão das mães. Suas profundezas carregam aqueles que sobreviveram ao mais inóspito e transformaram-se em monstro. Todavia, não foque apenas aí. Chegue mais perto e olhe a abóboda com minhas estrelas radiantes que se movem apenas com o passar dos séculos. Voam meus pássaros, na migração das andorinhas ou no orgulho das águias. Ali estão minhas feras: felinos em sua beleza, lobos altivos, raposas astutas. Ali, reina a calma dos herbívoros e a inquietação dos esquilos.
Se me quer por inteira, apresento-te minha planície e suas suaves ondulações cobertas de flores-do-campo. Mas, cuidado. Em meio ao perfume, pode estar a serpente. Entretanto, até mesmo ausência dela faria a paisagem órfã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique à vontade para mentir...